Por que todo mundo deveria saber um pouco de UX design?
Você pode ou não ter escutado sobre UX design, mas com certeza, você já utilizou algo feito com base nessa metodologia.
Antes de tentarmos responder à pergunta do título, precisamos saber: o que é UX design? Para isso, precisamos consultar dois nomes importantes da área: Don Norman, pesquisador, autor de vários livros sobre design e co-fundador da Nielsen Norman Group juntamente com Jakob Nielsen, pesquisador da usabilidade, autor e criador das 10 Heurísticas de Nielsen. Segundo eles, UX design ou design de experiência do usuário:
Podemos dizer, em outras palavras, que é todo o relacionamento que o usuário vai ter com o produto.
Tá, e por que saber isso é importante? Pelo simples fato de que o foco é o usuário, a pessoa, o internauta, etc. A experiência do usuário é o mindset para humanizar o processo de criação de um produto. É uma forma de comunicar pensando em como resolver os problemas da pessoa que está do outro lado da tela, da sala ou do planeta.
No design, encontramos vários materiais (livros, artigos, vídeos)que tentam aperfeiçoar cada vez mais o mindset. Por exemplo, temos o novo framework for innovation do Design Council que mostra os requisitos para resolvermos problemas do usuário:
Colocar as pessoas em primeiro lugar.
Comunicar visualmente e de forma inclusiva.
Criar em conjunto com outras pessoas.
Iterar para encontrar erros, evitar riscos e criar confiança em suas ideias.
Com base nesse framework e nos estudos de UX design, percebi que temos algumas “ferramentas” que ajudam a incorporar no processo de trabalho de forma que foque no usuário.
- Saiba quem é seu público. Trabalho há anos com Comunicação e cansei de ver pessoas que queriam fazer um “card”, um folder ou até mesmo um livro sem pensar em quem vai receber o material. Pode ser empolgação ou falta de conhecimento sobre o público. Por isso, uma das primeiras coisas que precisamos pensar é o usuário, a pessoa que vai ver e consumir o material, seja impresso ou digital. Tanto no UX design como na Comunicação, saber quem é o público faz parte do briefing, ou seja, o documento que conta as informações básicas para se chegar ao produto.
- Crie personas. Uma das formas de direcionar a comunicação ou o design é montando uma representação fictícia do público-alvo, ou seja, a persona. Com ela, você humaniza a forma de pensar em como alcançar o usuário, ao invés de lidar somente com números e gráficos. A persona pode ter cara, idade, gostos pessoais e é no seu perfil que você vai nomear as suas “dores”, ou seja, as suas necessidades.
- O design precisa ser funcional. Em um workshop sobre UX design com Conrado Cotomácio, soube de um case no qual sua equipe precisou criar um aplicativo para caminhoneiros. O primeiro protótipo ficou visualmente incrível, porém não funcional para o público-alvo. O que não se sabia era que, por causa dos muitos anos no volante, segurando a direção dos caminhões, os motoristas perdiam a sensibilidade dos dedos. Isso só foi notado quando viram que eles utilizavam somente a ferramenta de áudio no Whatsapp, já que tinham dificuldades em digitar. Então, todo o design precisou ser repensado para eles. Essa história nos mostra que não adianta fazer algo bonito, se não é funcional para quem vai utilizar.
- Acessibilidade é um direito de todos. Seguindo na linha do design funcional, precisamos garantir que todas as pessoas consigam consumir/utilizar o produto. Isso é regulamentado por leis no Brasil. Além disso, precisamos seguir as Web Content Accessibility Guidelines. Garantir a acessibilidade é ter empatia pela pessoa que irá receber o produto. Quando internalizamos isso, naturalmente vamos atrás de informações, estudamos as regras e as leis para aplicá-las. Assim, a inclusão e a acessibilidade se tornam valores irrevogáveis. Mas, para isso, é preciso pensar no outro.
- Teste e procure feedback. Se estamos pensando no usuário, nada melhor do que pedir para que ele avalie o que foi feito. Ele é quem vai dar o feedback sobre como atender suas demandas, se o produto está acessível e funcional. O usuário é sua melhor fonte para melhorar seu trabalho.
Logo, ao ler todas essas informações, caro leitor, você pode ver que o design não é somente construir algo esteticamente bonito, mas envolve empatia, pensar nas necessidades do outro e estudar formas de resolver suas dores. Por isso, todo mundo deveria saber um pouco de UX design.
Este artigo também teve como inspiração os estudos de Comunicação e minha vivência profissional. Enquanto publicitária, aprendi a pensar no público-alvo de maneira lucrativa, porém as experiências no ramo universitário, a pesquisa acadêmica na Comunicação e cursos de UX design me mostraram que é muito mais importante (e interessante) pensar no usuário como parceiro de cocriação do produto. Eis a motivação e inquietação para escrever este texto.