Por que todo mundo deveria saber um pouco de UX design?

Maria Clara Monteiro
4 min readJun 30, 2021

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Você pode ou não ter escutado sobre UX design, mas com certeza, você já utilizou algo feito com base nessa metodologia.

Antes de tentarmos responder à pergunta do título, precisamos saber: o que é UX design? Para isso, precisamos consultar dois nomes importantes da área: Don Norman, pesquisador, autor de vários livros sobre design e co-fundador da Nielsen Norman Group juntamente com Jakob Nielsen, pesquisador da usabilidade, autor e criador das 10 Heurísticas de Nielsen. Segundo eles, UX design ou design de experiência do usuário:

abrange todos os aspectos da interação do usuário final com a empresa, seus serviços e seus produtos.

Fonte: Giphy

Podemos dizer, em outras palavras, que é todo o relacionamento que o usuário vai ter com o produto.

Tá, e por que saber isso é importante? Pelo simples fato de que o foco é o usuário, a pessoa, o internauta, etc. A experiência do usuário é o mindset para humanizar o processo de criação de um produto. É uma forma de comunicar pensando em como resolver os problemas da pessoa que está do outro lado da tela, da sala ou do planeta.

Fonte: Giphy

No design, encontramos vários materiais (livros, artigos, vídeos)que tentam aperfeiçoar cada vez mais o mindset. Por exemplo, temos o novo framework for innovation do Design Council que mostra os requisitos para resolvermos problemas do usuário:

Colocar as pessoas em primeiro lugar.

Comunicar visualmente e de forma inclusiva.

Criar em conjunto com outras pessoas.

Iterar para encontrar erros, evitar riscos e criar confiança em suas ideias.

Com base nesse framework e nos estudos de UX design, percebi que temos algumas “ferramentas” que ajudam a incorporar no processo de trabalho de forma que foque no usuário.

  • Saiba quem é seu público. Trabalho há anos com Comunicação e cansei de ver pessoas que queriam fazer um “card”, um folder ou até mesmo um livro sem pensar em quem vai receber o material. Pode ser empolgação ou falta de conhecimento sobre o público. Por isso, uma das primeiras coisas que precisamos pensar é o usuário, a pessoa que vai ver e consumir o material, seja impresso ou digital. Tanto no UX design como na Comunicação, saber quem é o público faz parte do briefing, ou seja, o documento que conta as informações básicas para se chegar ao produto.
  • Crie personas. Uma das formas de direcionar a comunicação ou o design é montando uma representação fictícia do público-alvo, ou seja, a persona. Com ela, você humaniza a forma de pensar em como alcançar o usuário, ao invés de lidar somente com números e gráficos. A persona pode ter cara, idade, gostos pessoais e é no seu perfil que você vai nomear as suas “dores”, ou seja, as suas necessidades.
  • O design precisa ser funcional. Em um workshop sobre UX design com Conrado Cotomácio, soube de um case no qual sua equipe precisou criar um aplicativo para caminhoneiros. O primeiro protótipo ficou visualmente incrível, porém não funcional para o público-alvo. O que não se sabia era que, por causa dos muitos anos no volante, segurando a direção dos caminhões, os motoristas perdiam a sensibilidade dos dedos. Isso só foi notado quando viram que eles utilizavam somente a ferramenta de áudio no Whatsapp, já que tinham dificuldades em digitar. Então, todo o design precisou ser repensado para eles. Essa história nos mostra que não adianta fazer algo bonito, se não é funcional para quem vai utilizar.
  • Acessibilidade é um direito de todos. Seguindo na linha do design funcional, precisamos garantir que todas as pessoas consigam consumir/utilizar o produto. Isso é regulamentado por leis no Brasil. Além disso, precisamos seguir as Web Content Accessibility Guidelines. Garantir a acessibilidade é ter empatia pela pessoa que irá receber o produto. Quando internalizamos isso, naturalmente vamos atrás de informações, estudamos as regras e as leis para aplicá-las. Assim, a inclusão e a acessibilidade se tornam valores irrevogáveis. Mas, para isso, é preciso pensar no outro.
  • Teste e procure feedback. Se estamos pensando no usuário, nada melhor do que pedir para que ele avalie o que foi feito. Ele é quem vai dar o feedback sobre como atender suas demandas, se o produto está acessível e funcional. O usuário é sua melhor fonte para melhorar seu trabalho.

Logo, ao ler todas essas informações, caro leitor, você pode ver que o design não é somente construir algo esteticamente bonito, mas envolve empatia, pensar nas necessidades do outro e estudar formas de resolver suas dores. Por isso, todo mundo deveria saber um pouco de UX design.

Este artigo também teve como inspiração os estudos de Comunicação e minha vivência profissional. Enquanto publicitária, aprendi a pensar no público-alvo de maneira lucrativa, porém as experiências no ramo universitário, a pesquisa acadêmica na Comunicação e cursos de UX design me mostraram que é muito mais importante (e interessante) pensar no usuário como parceiro de cocriação do produto. Eis a motivação e inquietação para escrever este texto.

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